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Arquitetos: Antonio Puig, Josep Riu Architects, Lucho Marcial, Rafael Moneo; Antonio Puig, Josep Riu Architects, Lucho Marcial, Rafael Moneo
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Fotografias:Rafael Vargas
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Fabricantes: Aparici
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Plaza Europa ergue-se no meio do caminho entre o Aeroporto de El Prat e a cidade de Barcelona, com a pretensão de se tornar o novo centro de atração de toda a área metropolitana, A planta de situação reflete bem as intenções de quem as traçou, Alberto Viaplana, vencedor do concurso. Talvez, valha a pena dizer que o arquiteto parece ter tido mais interesse em enfatizar o valor da interseção que define a forma da via Joan Carles I e da avenida Granvía de l'Hospitalet - onde a Feira de Amostras possui um papel destacado, deixando em segundo plano a ideia de configurar um episódio urbano em que as noções de volume e espaço prevaleceriam. Frente a uma possível volumetria densa, complexa e agitada aparece uma implantação abstrata de torres claramente identificáveis e autônomas. E assim, as torres - os elementos arquitetônicos com os quais se trabalha - misturam-se uns com os outros e abraçam, sem continuidade, a citada intersecção que não define uma clara e evidente geometria. O resultado é um vazio urbano onde as torres são percebidas como elementos independentes, sem aparente relação entre elas. Uma destas torres é a nova sede corporativa de Puig que, tratando de coincidir com a nova imagem urbana de Barcelona, escolheu a Plaza Europa para levantar sua sede.
A torre respeita estritamente a planta e a altura estabelecida no plano diretor e o propósito de que fosse percebida como uma figura unitária e não como uma simples sobreposição de plantas horizontais, e isso levou ao projeto de uma espiral de vidro que envolve o volume. O desejo de que a Torre Puig assumisse a carga iconográfica que corresponde a sua condição de sede corporativa, parece satisfazer-se com a geometria de sua arquitetura, tanto que a contundência da espiral leva a uma forma que, na sua pureza, alude o valor que Puig sempre deu aos frascos de suas fragrâncias. Por outro lado, a espiral nos leva a pensar no contínuo desejo de superação, que tem estado sempre presente na aventura empresarial da marca.
A planta da torre - um quadrado de 27.5 x 27.5 m - mostra o protagonismo do núcleo, que não somente resolve as comunicações verticais e os serviços e instalações mecânicas, mas também contribui para definir e estruturar a superfície útil. Ao redor do núcleo, aparecem as áreas de trabalho onde a paisagem urbana dos quatro cantos de Barcelona pode ser desfrutada. A superfície envidraçada ajuda a delimitar os espaços interiores, sejam eles escritórios, salas de reunião ou espaços singulares. Um filtro instalado nos vidros contribui para melhorar o isolamento do prédio, que, aliás, recebeu a certificação LEED Gold.
Vale ressaltar também, a neutralidade com a qual o núcleo se instala na planta quadrada, permitindo resolver o complexo programa. Ao analisar as outras plantas é possível perceber que as apropriações podem se dar de diversas maneiras - utilizando a modulação de 1.35, 2.70. 4.50 e 8.10 - presente na definição de todos os elementos arquitetônicos que compõem a torre.
Uma atenção especial é dada ao encontro da torre com o plano horizontal, resolvida através de um espelho d'água em torno da torre, de onde a espiral começa a ser formada. Naturalmente, o espelho d'água é interrompido na fachada onde está o acesso principal da torre, enfatizando-o através de uma proteção metálica que também reflete os efeitos da geometria imposta pela espiral, ao mesmo tempo em que o beiral de entrada protege da chuva.
Por último é preciso dizer que o paisagismo contribuiu decisivamente para conferir ao plano horizontal um uso que o plano diretor não deu muita atenção. Converter o abstrato plano horizontal no qual repousam as torres em um jardim é uma meta que o paisagismo da torre introduz, fazendo com que a cidade de Hospitalet entenda a Plaza Europa também como um enclave urbano capaz de fomentar uma intensa vida urbana.
O programa corporativo é composto por um auditório ou sala de debates que segue o modelo Harvard de aula participativa, e junto com umas salas de reuniões anexas se situam a um nível -1. Através de uma escada que se desenvolve paralela ao núcleo dentro de um espaço duplo, vinculando-se com o térreo. Nele está o hall e a área de recepção. Mediante uma escada circular, que pontua o espaço, se estabelece uma conexão direta com o primeiro pavimento, que acomoda o café. Este pavimento não ocupa toda a superfície, deixando parte desta vazia, criando um espaço duplo que singulariza o hall.
No segundo pavimento está o restaurante com a cozinha conectada ao núcleo, circulando paralelamente a fachada.
O programa das áreas comuns completa-se no terceiro pavimento, onde está localizada a academia com seus correspondentes vestiários, também conectados ao núcleo.
O restante das plantas são administrativas, e encaixam-se às distintas necessidades do programa organizativo, destacando os pavimentos 6 e 7 unidos entre si, com uma escada metálica paralela ao núcleo e o pavimento 9 que contém o programa das salas de visitas e reuniões.
Desde o início, a distribuição foi organizada de tal forma que os espaços estejam livres, acolhendo qualquer forma de apropriação. O programa mais privativo se concentra nas laterais restantes, situando-se nos dois volumes envidraçados com suas respectivas divisões.
Com a implantação, pretendeu-se utilizar a neutralidade, leveza e pureza que transmite a Arquitetura, o vidro, o branco como cor predominante nos tetos, armários, superfícies verticais, mobiliário, buscando uma unanimidade entre a arquitetura e seus interiores.
A madeira de carvalho natural aparece nos espaços onde se necessita uma atmosfera distinta, para que os usuários possam abstrair-se do conjunto, utilizando o concreto e rompendo com a homogeneidade do restante, como auditório, restaurante e academia.
Ressalta-se também os halls no térreo e os elevadores, que são tratados como caixas de aço inoxidável, como núcleo tecnológico de circulação vertical.